O OUTRO DIFERENTE DE NÓS:
Os grupos em tempos de (in)tolerância

Assistimos nestes últimos tempos a alterações profundas nas nossas vidas. Após um largo período pandémico, que pôs em causa os nossos padrões relacionais, somos agora confrontados com a disseminação da guerra, com movimentos de intolerância e de ódio entre povos, grupos étnicos, religiosos…numa afirmação nacionalista de fronteiras, de limites e discriminações entre pessoas, onde a ampliação do individualismo e da intolerância põe em causa os princípios básicos da democracia, da cooperação e da relação comunitária.

O primado do narcisismo prolifera. O outro diferente de nós é cada vez mais inaceitável e objeto de rejeição.

Na era neoliberal, o outro como amigo, o outro como desejo, o outro como dor, o outro como diferenciador e facilitador da nossa identidade, o outro como fonte de Eros, está a ser substituído pelo igual, pelo semelhante que a “globalização do nós” impõe através do aumento exponencial da produção e do consumo. Na globalização, segundo Byung-Chul Han (2018), quanto mais forem idênticas as pessoas, mais rápida é a circulação do capital, das mercadorias e da informação.

Vivemos de facto num excesso de informação, não mediatizada, dispersa e muitas vezes manipulada, suportada pelas redes sociais, onde proliferam as fake news ou por exemplo os bots (programas que simulam ações humanas); vivemos com um “outro tecnológico”, suportado pela inteligência artificial, que põe em questão o que é real, verdadeiro ou falso.

Está em causa a democracia, o confronto com a realidade, o acesso à verdade.

Onde fica então “o amor à verdade” tão defendido por Freud e por Bion? Onde fica o direito ao contraditório, ao questionamento e à dúvida? Onde fica o ser como individualidade, como personalidade? E o que dizer do outro que há em nós?

Simultaneamente a esta ambição narcisista, a este devaneio de “orgulhosamente sós”, a esta autossuficiência convicta de que podemos prescindir do outro diferente de nós, sustentada na maior das vezes na tecnologia, constata-se um aumento exponencial da patologia ansiogénica e depressiva. Longe vão os tempos vitorianos da repressão que nos condicionava e inibia; hoje confrontamo-nos com a obsessão e imposição pelo sucesso, pela obtenção de bens… que nos pressiona, nos autorresponsabiliza e nos autodestrói.

Face a esta progressiva e acentuada transformação social, com consequências desastrosas para o ser humano, qual é o papel dos fóruns grupais? que respostas os grupos terapêuticos estão a dar? E na grupanálise, o que está a ser feito?

Acreditando que para novos problemas novas soluções, propomos-vos a partilha destas reflexões sobre o impacto das atuais mudanças sociais no trabalho com grupos.

Francisco Salgado
Presidente do Congresso

EM NOVEMBRO VENHA REFLECTIR E DIALOGAR CONNOSCO

O OUTRO DIFERENTE DE NÓS: OS GRUPOS EM TEMPOS DE (IN)TOLERÂNCIA

PROGRAMAÇÃO

A programação será transmitida online com a excepção dos grupos experienciais (Grupos Médios e Large Groups)

ORADORES 22 NOVEMBRO

Conferência/Debate: O Outro Tecnológico

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