AMOR EM TEMPO DE CLIVAGENS

Num mundo cada vez mais fragmentado, onde divisões sociais, políticas e culturais se acentuam, o amor emerge como uma força potencial de coesão e entendimento. A grupanálise e a psicanálise oferecem uma lente profunda para compreender como o amor pode atuar como um antídoto contra a clivagem que permeia as nossas sociedades.

O sujeito contemporâneo, atravessado por uma lógica narcísica, busca no outro um espelho que confirme a sua omnipotência ou, ao contrário, um objeto descartável quando este falha em sustentar a sua ilusão de plenitude. A alternância entre a idealização e a desvalorização intensifica-se na cultura digital, onde a performance do amor importa mais do que a sua vivência autêntica.

O amor, no entanto, exige a capacidade de sustentar a ambivalência, de tolerar a frustração sem recorrer à clivagem. Como nos ensina Winnicott, o amadurecimento emocional passa pelo reconhecimento da alteridade: o outro não é um mero prolongamento do self, mas um sujeito com desejos e falhas próprias. Quando essa dimensão é recusada, ficamos presos a um amor persecutório, onde o menor sinal de frustração acciona angústias primitivas, levando à fragmentação do vínculo.

Sándor Ferenczi, enfatizou a importância do amor e da ternura nas relações humanas, destacando que esses elementos vão além da mera sexualidade. Para Ferenczi, o amor abrange empatia, simpatia e processos interpessoais positivos, fundamentais tanto na prática analítica quanto na vida social em geral. Ele acreditava que o amor, ou “amor primário”, é o fermento necessário que impulsiona o processo terapêutico, permitindo a exploração e superação de frustrações e conflitos subjacentes. 

Freud, introduziu o conceito de libido, uma energia vital que impulsiona os nossos instintos de vida e sexualidade. Para Freud, o amor é uma manifestação dessa libido, direcionando-nos a formar laços afetivos e comunitários. Na sua obra “Mal-Estar na Civilização”, Freud destaca que o amor e o impulso de Eros são fundamentais para a preservação da humanidade, pois promovem a união entre os indivíduos e a construção de comunidades baseadas no respeito e na cooperação.

Em tempo de clivagens, Thanatos pode manifestar-se através de comportamentos agressivos e divergentes. No entanto, o amor, como expressão de Eros, tem o potencial de contrabalançar essas tendências destrutivas, promovendo a empatia, a compreensão e a solidariedade.

A grupanálise e a psicanálise oferecem-nos ferramentas valiosas para entender o papel do amor em contextos de divisão ao reconhecer o amor como uma força vital que pode contrapor-se às tendências destrutivas. Em tempo de clivagens, o amor não é apenas um sentimento, mas um ato consciente de resistência e transformação.

PROGRAMAÇÃO

A programação será transmitida online com a excepção dos grupos experienciais (Grupos Médios e Large Groups)

DESCARREGUE AQUI O SEU PROGRAMA

Temas do Congresso

1. Do amor à Perversão
2. A dança das emoções
3. O mal estar contemporâneo: um olhar grupanalítico
4. Identificação e identidade

INSCRIÇÕES

Inscreva-se aqui

ENVIO DE RESUMOS
PARA COMUNICAÇÕES ORAIS

ATÉ 15 SETEMBRO

Clique em baixo para aceder ao envio de resumos

 

Facebook
Twitter
LinkedIn